sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

11 de fevereiro de 2011: Após 18 dias de protestos, chega ao fim a ditarua de 30 anos de Hosnir Mubarak no Egito

Informações dos portais G1, R7, Terra e El País

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Neste 11 de fevereiro, o mundo tomou conhecimento de um fato histórico: depois de três décadas no poder, Hosni Mubarak renunciou ao cargo de presidente do Egito e entregou o poder a um conselho militar.

Eram seis da tarde no Cairo, duas da tarde em Brasília, quando o vice-presidente, Omar Suleiman, anunciou que Hosni Mubarak decidiu renunciar e que o país será dirigido por um conselho das Forças Armadas.

Foi a notícia que milhões de egípcios esperavam. A multidão na Praça Tahrir explodiu em lágrimas de esperança e felicidade.

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Nas ruas do Cairo, bandeiras, buzinas e fogos de artifício celebravam a libertação de um regime que durou 30 anos. Os manifestantes cantavam e gritavam eufóricos.

Foi um desfecho histórico de um dia que tinha começado com egípcios extremamente descontentes com as declarações da noite de quinta de Mubarak.

Nesse último discurso, ele disse que iria permanecer no cargo até as eleições de setembro e irritou os manifestantes. Na manhã desta sexta-feira, eles reforçaram os protestos, inclusive perto do palácio presencial.



Antes do anúncio da renúncia, comandantes militares do país afirmaram que o Egito terá eleições livres e que as leis de emergência que vigoram no país serão revogadas assim que a crise política esteja resolvida.

Os protestos no Egito contra Hosni Mubarak começaram no dia 25 de janeiro. A Praça Tahrir, no Centro do Cairo, foi o principal palco das manifestações.

No início, o governo egípcio tentou impedir os protestos, suspendendo os serviços de internet e de telefonia celular e Mubarak anunciou que não concorreria à reeleição em setembro. Mas os protestos só aumentaram. Os militares acompanhavam tudo, mas não interferiram.

Na semana passada, partidários de Mubarak invadiram a praça e houve uma batalha campal, que terminou com dezenas de pessoas feridas, inclusive jornalistas de vários países. Alguns jornalistas, dois brasileiros entre eles, foram presos por agentes de segurança. Segundo grupos de direitos humanos, cerca de 300 pessoas morreram nos confrontos.

Nesta sexta-feira, momentos antes do anúncio de Omar Suleiman, agências de notícias relataram que Mubarak teria ido do Cairo para o balneário egípcio de Sharm El-Sheikh.

A rede de TV Al Arabyia informou que o ministério será destituído e que o parlamento egípcio será dissolvido. Segundo a imprensa internacional, o conselho militar que vai governar o Egito será comandado pelo atual ministro da defesa, Mohamed Tantawi.

A renúncia de Mubarak foi acompanhada com atenção no Oriente Médio. Desde o início da revolta popular, o governo de Israel vinha acompanhando com cautela a situação do país vizinho.

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No início da semana, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu chegou a advertir sobre os riscos de o Egito ser governado por extremistas islâmicos. Nesta sexta, um representante do primeiro escalão disse apenas que o governo de Israel espera que a renúncia de Mubarak não provoque mudanças nas relações pacíficas entre os dois países.

Houve manifestações de apoio aos egípcios no Líbano, na Jordânia e na Cisjordânia. O grupo palestino Hamas, que governa a Faixa de Gaza, cumprimentou o que chamou de início da vitória da revolução egípcia.

O governo do Qatar declarou que a transferência de poder para um conselho militar é um passo importante e positivo.

Já o chefe da Liga Árabe, Amr Moussa, afirmou que a saída de Mubarak é um novo capítulo na história do Egito.

A REPERCUSSÃO NOS EUA



Hosni Mubarak assumiu a presidência do Egito logo depois de uma tragédia nacional. De Washington, o correspondente Luís Fernando Silva Pinto mostra que isso tem muito a ver com o apoio que Mubarak recebeu do governo dos Estados Unidos durantes as três décadas seguintes.

Muhammad Hosni Sayyid Mubarak era vice do presidente egípcio Anwar Sadat, assassinado por militantes islâmicos durante uma parada militar no Cairo, em 6 de outubro de 1981. Tomou posse oito dias depois.
Praticamente desconhecido na época, ninguém imaginava que ele fosse conseguir se manter no cargo por quase 30 anos.

Mubarak conquistou, mesmo contra a vontade da maioria dos egípcios, a posição de aliado dos Estados Unidos por levar adiante o histórico acordo de paz com Israel assinado por Sadat em 1979.

Com o acordo, o Egito se tornou o primeiro país árabe a reconhecer o estado de Israel, sendo seguido, anos mais tarde, pela Jordânia.

Hosni Mubarak governou o Egito com base numa lei de emergência que dá plenos poderes ao Estado, violando direitos básicos dos cidadãos.

Ele argumentava que era necessário ter o controle total para combater militantes islâmicos que promovem, com frequência, atentados no país e teriam a ambição de tomar o poder.

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De uns anos pra cá, Mubarak começou a sofrer pressões internas e dos Estados Unidos para adotar um regime democrático. Sempre resistiu.

Desde que assumiu o poder, venceu três eleições como candidato único. Na quarta, em 2005, cedeu à pressão americana para admitir candidaturas rivais. Mesmo assim, houve novas acusações de que o pleito foi manipulado para favorecer Mubarak.

Para a Casa Branca, a queda do ditador foi um alívio. Nos primeiros dias de protesto, o governo americano não deu sinais claros de que iria abandonar Mubarak e acabou correndo o risco de perder a credibilidade com o povo egípcio. Só depois da primeira semana, o governo Obama começou a falar em transição pacífica para a democracia.

Nos bastidores da crise, o Pentágono foi mais ativo do que o próprio Departamento de Estado. A aposta foi a de que os militares egípcios acabariam assumindo o poder, como aconteceu.

Anualmente, eles recebem mais de US$ 1,5 bilhão em ajuda militar dos Estados Unidos e agora o presidente Barack Obama pôde comemorar um momento histórico: Há poucos momentos na vida em que a gente tem o privilégio de presenciar a História sendo feita. Este é um deles", disse o presidente americano. Esta é uma nova geração de egípcios que usou a criatividade e a tecnologia para pedir um governo que atenda às suas aspirações.

Para Obama, entretanto, haverá dificuldades pela frente. O presidente pediu aos militares que assegurem uma transição pacífica com eleições livres e justas e afirmou que os Estados Unidos vão continuar a ser um grande parceiro do Egito.

Obama homenageou os manifestantes dizendo: Foi a força moral do seu pacifismo e não o terrorismo que venceu.

DIRIGIDA PELO BRASIL, ONU DIZ ESPERAR TRANSIÇÃO PACÍFICA

Ministros de vários países participavam do encontro do Conselho de Segurança das Nações Unidas quando foi anunciada a renúncia do ditador egípcio Hosni Mubarak. A reunião foi presidida pelo ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antônio Patriota. Esta é a primeira vez em seis anos que o Brasil assume a presidência do conselho.

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A crise no Egito não fazia parte da pauta original do conselho, que discutiu temas propostos pelo Brasil: segurança e desenvolvimento. Mas inevitavelmente a renúncia do presidente Mubarak foi o assunto do dia.
O secretário geral da Onu, Ban Ki Moon, disse que respeita a decisão, tomada em benefício do povo egípcio e reiterou o pedido para que a transição seja pacífica e transparente.

O chanceler brasileiro disse que o Conselho de Segurança está acompanhando com atenção os desdobramentos da crise no Egito, tido como um país fundamental para a estabilidade no Oriente Médio.

De fato, há uma preocupação de que, se a instabilidade interna no Egito sair de controle, se houver elementos extremistas se aproveitando da situação, isso pode ter um impacto sim na região que já é das mais tensas do mundo e tudo o que nós não queremos ver são as tensões exacerbadas no Oriente Médio, declarou Antônio Patriota.

O Ministério brasileiro das Relações Exteriores declarou que o país espera que a transição política no Egito aconteça com respeito à liberdade e aos direitos humanos.

ONDA DE PROTESTOS TOMA CONTA DO ORIENTE MÉDIO

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A mudança no Egito faz parte de uma série de reivindicações por democracia em países árabes. Um processo que tem sido acompanhando com muita atenção em todo o planeta.

A Tunísia foi a primeira nação a sentir a pressão das massas na maior onda de protestos pela democracia no mundo árabe.

No dia 14 de janeiro, prevaleceu a vontade do povo: depois de 23 anos, o ditador Zine El Abidine Ben Ali deixava o poder pela porta dos fundos. E a Tunísia tinha um novo mártir, o símbolo da revolução: um feirante que botou fogo na própria roupa em protesto depois de levar uma surra de policiais que cobravam propina.

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Foi o começo do fim do silêncio: sete países do norte da África e do Oriente Médio também gritaram.
Depois da Tunísia, vieram protestos no Iêmen, Marrocos, Argélia, Líbia, Egito e Jordânia.

O rei jordaniano, Abdulah II, demitiu todo o ministério e nomeou um novo primeiro-ministro, encarregado de promover uma reforma política e social.

Mas nenhuma consequência foi tão significativa quanto a queda do presidente do Egito, país árabe de maior população.

As bolsas de valores reagiram positivamente à notícia que veio do Egito: os principais índices europeus fecharam o dia em alta e o preço do barril de petróleo caiu.

Na Alemanha, a primeira-ministra Angela Merkel prometeu apoio ao povo egípcio e disse que espera que essa renúncia conduza o Egito à liberdade.

Na França, onde se concentra uma das maiores comunidades árabes da Europa, houve comemoração. Liderados por egípcios que vivem em Paris, os manifestantes exaltaram a vitória do povo.

O presidente da França, Nicolas Sarkozy, pediu a realização de eleições livres e transparentes. A chefe de política estrangeira da União Europeia afirmou que Mubarak finalmente ouviu a voz do povo.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, afirmou que este foi só o primeiro passo. Ressaltou que é importante que o poder seja devolvido aos civis assim que for possível. E botou a Grã-Bretanha à disposição, para ajudar a construir uma sociedade democrática, aberta e justa.

Minutos depois da renúncia de Hosni Mubarak, o Ministério das Relações Exteriores da Suíça informou que todas as contas do ex-presidente egípcio em bancos suíços estavam sendo bloqueadas.

Atitude semelhante foi tomada com as contas do ex-ditador da Tunísia. No caso de Mubarak, não se sabe ao certo quanto ele teria depositado na Suíça.

Os oposicionistas calculam que o patrimônio pessoal do ex-presidente, acumulado ao longo de 30 anos de poder, seja equivalente a R$ 50 bilhões.





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