sábado, 12 de fevereiro de 2011

O dia depois da queda de Mubarak: O Egito começa a ser um país livre

Informações da revista ISTOÉ

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Hosni Mubarak repetiu a sina de muitos tiranos ao fugir com a família na sexta-feira rumo ao balneário de Sharm el-Sheik, na península do Sinai, de onde anunciou sua renúncia. Três décadas de um regime opressor e corrupto terminaram sob intensos protestos populares, que obrigaram o ditador a abandonar o palácio de governo pela porta dos fundos. Na noite anterior, Mubarak, aos 82 anos, tentou uma última cartada ao convocar rede nacional de tevê para dizer que ficaria no cargo até as eleições de setembro. Mas seu pronunciamento só serviu para engrossar o coro dos descontentes, que aos milhares voltaram às ruas do país e acamparam na praça Tahir, no centro do Cairo. Confirmado o adeus, o ex-chanceler Mohamed El Baradei, líder da oposição, sintetizou o sentimento de vitória dos manifestantes. Este é o maior dia da minha vida. O país foi libertado, disse. A queda de Mubarak marca o início de uma nova era para o Egito e consolida a crise no mundo árabe, já que o governo egípcio era peça-chave no tabuleiro político regional, por seus profundos vínculos com os Estados Unidos e o único aliado de Israel na região.

A longa ditadura egípcia é a segunda a ruir em menos de um mês, depois da queda do tunisiano Zine El Abdine Ben Ali, em 14 de janeiro, e certamente animará as massas descontentes em lugares como Mauritânia, Argélia, Jordânia, Síria e Iêmen. As razões dos protestos, aliás, são as mesmas: desemprego, pobreza, aumento do custo de vida, censura e violações de direitos humanos.

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O vento forte que transformou o destino do Egito deve, a partir de agora, ser canalizado para correntes políticas, inclusive a Irmandade Muçulmana, que farão um esforço conjunto para construir um novo pacto nacional. Embora a renúncia de Mubarak tenha sido anunciada por seu vice, Omar Suleiman, o poder interino será exercido pelo Conselho Supremo das Forças Armadas, que há uma semana passou a ser o único interlocutor válido dentro e fora do país. É da caserna que emana o poder político desde o fim da monarquia, em 1952. Mas, constitucionalmente, as Forças Armadas egípcias não podem assumir um governo interino, alerta o analista egípcio Talat Musallam, que é militar aposentado. Nada impede, no entanto, que o Conselho Supremo das Forças Armadas designe um militar para assumir a Presidência. 


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Seja como for, caberá ao governo interino a convocação de novas eleições presidenciais, que devem acontecer já sob novas regras, em no máximo dois meses. Para isso, será necessária uma reforma constitucional urgente, além da suspensão imediata das leis de exceção em vigor desde 1981. Os Estados Unidos, principal aliado do Egito, prometeram apoiar a transição, mas cobraram clareza. O governo egípcio deve mostrar um caminho crível, concreto e inequívoco em direção a uma democracia genuína, disse o presidente Barack Obama, pouco depois do pronunciamento de Mubarak no fim da noite da quinta-feira. Fontes ligadas às negociações no Egito disseram que a saída de Mubarak vinha sendo articulada pela Casa Branca com o Conselho Supremo das Forças Armadas do Egito. As conversas de bastidor ocorreram ao longo da semana, com a participação de Moscou, Pequim, Riad e Beirute.

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O Egito também precisará de apoio internacional para reativar sua economia, paralisada após 18 dias de protestos, com greves no serviço público, fechamento de bancos e suspensão das atividades turísticas. Segundo estimativas de bancos privados, o país árabe perdeu ao menos US$ 10 bilhões no período. Uma situação nada confortável, considerando que o antigo governo já planejava emitir novos títulos da dívida pública para captar US$ 2,5 bilhões no mercado. A questão econômica funcionou como estopim dos protestos populares. E exige providências urgentes, já que os problemas não estão resolvidos com a renúncia de Mubarak. 

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